Angelo Pieretti
4 min readJan 10, 2020

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Angelo Pieretti

Artista visita sua obra exposta na Estação Luiz Pasteur

Painel em homenagem a Sapucaia do Sul recebe visita do artista Ale Maia e Pádua

Inaugurada em fevereiro de 2019, a Obra de Ale Maia e Pádua, “Os Cavalos”, foi feita para comemorar os 34 anos de operações da Trensurb. O painel com três metros quadrados foi instalado no saguão da Estação Luiz Pasteur, na cidade de Sapucaia do Sul, grande Porto Alegre/RS. A obra traz consigo elementos da cidade de Sapucaia, que remetem a geografia, cultura e história local.

Carlos Alexandre Torres Siqueira de Maia e Pádua, ou como é conhecido no mundo das artes plásticas: Ale Maia e Pádua, 36, é nascido em Niterói-RJ, formado desde 2012 na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de Porto Alegre em Design. Começou a pintar no fim de seu curso, quando se apaixonou pelas artes plásticas e passou a assinar como como artista. Conversei com Ale sobre a obra “Os Cavalos” e suas pretensões como artista.

Ale e sua obra “Os Cavalos”. Crédito: Angelo Pieretti.

Como foi ver a obra exposta pela primeira vez?

Vim a convite do Jânio, conhecer a obra, bater algumas fotos, ver os detalhes. Fiquei muito contente com o resultado, com o tamanho, a qualidade da imagem, o cuidado que tiveram em por uma película para proteger do sol e não desbotar. Vim justamente no Rio Grande do Sul fazer 3 exposições, que tem haver com esta obra exposta, que faz parte da exposição Finício, que foi apresentada na Pinacoteca Rubem Berta, Casa Holtz e Espaço Cultural 512.

Quais outros elementos que representam a cidade na obra?

Como elemento principal, a obra traz a presença de dois cavalos que representam as fazendas e estâncias sapucaienses, nas íris destes cavalos é possível notar o Morro do Chapéu, símbolo geográfico de Sapucaia. Completando a obra, a presença dos figos, que remetem à figueira torta, antiga árvore símbolo da cidade, mesmo não existindo mais.

Qual a sensação de ver a obra pronta?

Eu fiquei surpreso -confesso que eu já sabia a dimensão dela-, mas na prática é surpreendente, a qualidade também é muito boa. Tenho recebido um retorno bem legal do Jânio Ayres –Gerente de Comunicação Integrada da Trensurb-, e de outras pessoas que passam pela obra, eu acabo recendo um comentário positivo a respeito. Algumas pessoas até conseguem identificar os detalhes que representam a cidade na obra. Eu fico muito contente, e desde que começamos a pensar nesse projeto, foi planejado fazer algo que o povo de Sapucaia do Sul se identificasse e que agregasse um ponto cultural e tirasse o passageiro do lugar comum.

Como foi a pesquisa para chegar na obra e a escolha das cores?

Tive a parceria do Jânio para pensar na obra, pensando como ela ficaria. Precisei entender bem como era a cidade. Eu tinha que entender onde eu estava entrando, o ambiente ao qual eu iria construir a obra, e não só como um processo artístico, mas também como sinal de respeito. É comum a gente procurar referências artísticas, mas eu precisava entender o que era a cidade de Sapucaia do Sul e depois partir para o traço. E na paleta de cores eu acabei padronizando da minha arte, que eu gosto de trazer algo com muitas cores, muito colorido, pra nos tirar do lugar comum, e cada artista vai buscando no decorrer de sua vida, uma arte que seja própria e eu me beneficiei dessa busca que cada artista tem.

Entre pesquisa e o primeiro traço, quanto tempo levou?

Demorou bastante, não lembro o tempo ao certo, mas entre o primeiro traço e ela ficar pronta, demorou cerca de seis meses. E ela é a terceira ou quarta tentativa de um mesmo quadro. Tive que fazer e refazer o mesmo quadro, acontece, é comum, não adianta parar as coisas pela metade e querer que a obra esteja pronta e na verdade não está. E essa obra eu sinto que está pronta.

Alguma projeção de futuras obras em outras estações da Trensurb?

Há cerca de quatro anos atrás, fiz uma exposição na Estação Mercado chamada “Viver e Lutar”, onde pela primeira vez eu apresentei um quadro chamado “Rio 1567”, que trás personagens e uma história de um dia específico que sucedeu na formação do Rio de Janeiro. Esse quadro foi exposto em outros lugares e até em Lisboa, e espero que possamos fazer uma segunda edição desta exposição.

Você comentou sobre pintar o mesmo quadro por 30 anos, qual o objetivo?

Faz parte da exposição “las infinitas vidas Del fin”, baseada em outra exposição minha que se chama “Finício”, que é sobre uma viagem feita por mim do Rio de Janeiro até Uchuaia, extremo sul do mundo. E lá me deparei com um fim do mundo repleto de montanhas, a Cordilheira dos Andes. A inspiração de pintar uma mesma obra por 30 anos vem de um mestre chamado Katsushika Hokusai, gravurista japonês que ficou fascinado pelo monte Fuji e pintou a obra “A Grande Onda”, inspirada no monte. E por eu também ser fascinado pela Cordilheira dos Andes, decidi fazer o mesmo, ficaria anos e anos praticando, com o objetivo de que eu possa dizer que ela esteja pronta e eu fique satisfeito. Buscando resultados diferentes de um mesmo lugar.

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